VALTER CAFFER

sábado, 24 de março de 2012

CAVALO MARINHO / DEPRESSÃO MATA




                    Estou triste, porque ontem perdi o trem.
                    Esse trem partiu ontem da minha estação. E eu o perdi. 
                    E me lamento, e fico muito triste; embora   me apresentem muitos consolos. Por esse lugar passam muitos trens, que levam todos a muitos destinos. A todo instante partem barulhentos e eu continuo livre para viajar... Então me entristeço ainda mais. Porque perdi o trem... E porque aquele trem que partiu ontem (e que perdi) ia a uma grande festa. Que foi ontem. E que perdi.
                    Agora fiquei triste, e certamente não é pelo medo de viver sem a alegria da festa, e muito menos   pela coragem de morrer sem ela. É que passou por aqui um trem que não me levou. Uma viagem da qual não fiz parte, em um trem que não sei de onde vinha, e nem qual seria o seu destino, mas que apenas que iria a uma festa.
                    Agora fiquei perdido nesse lugar, que minha mente febril já não sabe se é uma plataforma ou um velho cais abandonado. Para onde viajaram os meus sonhos dourados? Para  quais mares singraram (e naufragaram) as minhas ilusões? Me imagino numa viagem de muitos caminhos, de muitos atalhos inúteis, de muito vagar em círculos sem nenhum roteiro  definido. Como viver sem buscar o sonho, como morrer sem querer o aconchego do colo amigo. São idéias que fluem da insanidade, e que não seguem nenhum            itinerário. Não encontram nas páginas em branco onde foram fecundados os seus próprios embriões.
                    Então meu ser se despe de toda crença, conceito ou filosofia, para se adornar de aberrações, aplaudidas pelos chamados humanos. Habito a carcaça de um velho navio naufragado.
                    O novo lar dessa alma perdida é um velho casco de navio.
                    O ser que perdeu o trem precisa de uma nova viagem. Na verdade são duas viagens simultâneas. A primeira para dentro de si mesmo em busca da cura das feridas lentamente embrenhadas no âmago de sua alma triste. A segunda é uma aventura inusitada, como fosse treinado mergulhador a esquadrinhar meticulosa-mente cada palmo desse fantasma submerso. Me visto com um pesadíssimo escafandro, roto e obsoleto; último recurso nessas profundezas. Esse bizarro ser aquático é, tal qual o navio fantasma o perfeito retrato de submersas ilusões, que espelham alguns poucos sonhos imaturos, uns tantos outros estéreis, e ainda outros poucos tangíveis, embora inacreditáveis, que são agora tênues e derradeiras esperanças. Esses poucos farrapos de sonhos se transformam no único objetivo desse mergulho  quase sem esperança pelas águas profundas desse mar imprevisível chamado viver. Não obstante, até a pobre  esperança pode ser inútil diante da possibilidade dos frágeis anelos haverem se afogado durante o vendaval que originou o naufrágio.  Caso alguma pálida esperança seja alcançada pela luz do sol em meio aos envelhecidos destroços, então os sonhos podem continuar no desempenho do papel de sonhos, como os fantasmas que passeiam indiferentes às transformações sofridas pela embarcação avariada, e aos novos seres que se fazem parasitas em suas artérias, sugando-lhe a seiva e a vida.
                   Como prisioneiro do fundo do mar não me sinto mais capaz de voltar ao sonho. A irracionalidade me faz indiferente ao amor, tanto no sentido de doá-lo, mas de maneira ainda mais cruel na incapacidade de recebê-lo. Dessa maneira é cruel a instropecção. Essa viagem do homem para dentro de si mesmo perde sua essência quando ele não quer se auto conhecer. Como avaliar seus próprios atos, suas próprias decisões, se não conhece a fonte de sua angústia? Nem os caminhos de seus pesadelos? Claro, há a necessidade da luta e da sobrevivência, mas como encarar as perdas sem saber o que significa alegria ou felicidade? Então paga-se o preço de ser um fugitivo de si mesmo, de não procurar soluções dentro de si para as adversidades. É o liame quase  imperceptível entre o heroísmo e a covardia. O homem não compreende a si mesmo, logo não pode saber se é herói ou covarde. É só um pobre Dom Quixote a combater demônios que não existem, senão fora dele mesmo. Então como não pode mais conviver com o real, sonha apenas. Delira.
                    Esse perene caráter do exercício de sonhar,    deveria fazer esses momentos imortais. Como quando o pseudo mergulhador pode observar  através da velha escotilha  que todos os seus sonhos tem contornos velhos e imprecisos, e junto com toda essa velharia parecem muito bem situados nessa velha embarcação.  Não há mais um objetivo real na mira desses sonhos, senão um desacreditado desejo de sobrevivência. Não existem mais  portos à espera desse navio, nem pessoas à espera dos fantasmas dos viajantes. Nessa desventura brota o paradoxo, o inesperado, a encantadora flor de lótus.  Esse navio nas profundezas perdeu o seu objetivo real. Deixou de singrar rumo a um porto de chegada, deixando à deriva toda a insegurança de ir e voltar. Ali só resta uma pequena esperança, e solidão. A certeza é uma simples condição humana. É cercada de precisões. Mas os sonhos são cercados de incertezas, e de intermináveis labirintos. Ignoram a matemática. Não somam, nem diminuem. Não dividem nem multiplicam. Então não há potenciação, nem equações. Apenas incógnitas que findam em intermináveis dízimas periódicas.
                     Então esse pesado mergulhador indefeso se   depara ainda com outra característica que reveste esses  pobres sonhos naufragados. É provável que por permanecerem por tanto tempo submersos nessas águas hostis,  prisioneiros dessa velha embarcação sem mais nenhuma utilidade, tenham aos poucos perdido a sua mais doce e sublime característica, que implicaria na possibilidade e na capacidade de tornar ainda feliz aquela pobre alma moribunda, que é o seu próprio lar, de onde foram atirados pela janela não apenas pedaços de momentos felizes, mas a própria essência da felicidade, que se constrói ao    longo de tudo o quanto se compartilhou. E agora isso é apenas uma mísera casa do abandono e da indiferença.
                    Esse trágico abandono e desesperança. que  lentamente se apossam dessa alma ébria e febril , fazendo-a acreditar apenas em angústia e desencontro, onde não há mais lugar nem mesmo para os devaneios mais banais, como fumar e beber, como crer e acreditar, como ver e sentir, como ser e querer. Por isso nada mais tem qualquer importância, ou faz qualquer sentido. O homem abandonado nas profundezas oceânicas é indiferente e não tem mais ilusões, nem tem mais ontem nem amanhã, nem passado, nem futuro. Isso faz ainda mais arraigada sua tosca indiferença, tornando-o cada vez mais pequeno. Insignificante e ignorado até pelos moradores desses fétidos porões.
                    Aí ele não existe mais. É só insignificância.  Matéria prima para o banquete de larvas e besouros. Inútil inseto aquático. É um ser amorfo, que não empreende mais nenhuma luta; então não perde nem ganha. Não vive e não morre.
                     Ou morre? Esse bicho pode morrer sim! Porém nem a morte tem mais o sabor de morte. É apenas uma metamorfose, imposta e indesejada, como fosse um príncipe que de repente virou sapo, sem que isso seja trágico ou lamentável, senão para o pseudo príncipe, agora atirado para fora da carruagem como asqueroso anfíbio, e precisa apressadamente se esquivar na lama fugindo das patas dos cavalos brancos.
                     Voltamos ao escafandro habitado pelo plasma e citoplasma em forma de personagem de filme de terror. Ainda há um derradeiro suspiro nessa alma   submersa que habita esse fétido porão.
Um amorfo suspiro ainda flui desse feio e indiferente ser submarino, que antes só se entristecera por perder o trem, (ou por perder a festa?). Um frágil suspiro, sem feições de riso ou choro, de alegria ou tristeza. Apenas uma pequenina esperança de resgate para esse navio que deixou sua rota na superfície dos mares e veio morar na escuridão do abismo e do medo. Apenas um esperança sem brilho, sem apostas, sem riscos. A paranóia hiberna no lodo, diante de um inverno tão rigoroso que faz dessa cela de água gelada o habitat perfeito pra o nada. É o jardim das ilusões perdidas no casamento de seres tão paradoxos, a simbiose e a feliz convivência de todas as contradições.
                    Nesse lodo das profundezas se fixa uma derradeira raiz. Um último recurso para a alma naufragada, que parece tomar consciência de seu estado e se aconchega nesse habitat junto ao lodoso fundo do subconsciente. E percebe dentro de si algo que ainda não foi tocado; como fosse um troféu de valor incalculável, que agora sonha trazer à tona com o seu resgate. Mas até essa rara jóia sofre as mudanças das profundezas. A princípio era o amor próprio, era a auto estima, depois, ao se despir também desses valores, se agarrou com todas as    forças ao orgulho, como se esse pecado capital fosse um metal incorroível: que também se dissolveu aos poucos no sal das desilusões. Foi quando restou-lhe apenas a dignidade. E essa nova companheira lhe impunha apenas o  limite entre a morte e a tênue possibilidade da metamorfose. A pobre esperança de que dali nascesse um novo ser .
A metamorfose é lenta e dolorida. Nessa hora aparecem os polvos pegajosos e as traiçoeiras ratazanas marinhas que lutam desesperadamente para lhe roubarem essa última preciosidade. Essa derradeira possibilidade de sobrevivência. São animais vorazes e mesquinhos, e não são predadores por fome, mas por um capricho cruel, como quem mata um pequeno pássaro e lhe come apenas o pequenino coração. Então o híbrido ser tem uma tênue recordação humana, lembrando gente que vive na expectativa de que o próximo seja mal sucedido em tudo, sem nenhum êxito, de forma que o fracasso do infeliz justifique suas míseras e mesquinhas conquistas, sem se darem conta da    destruição que proporcionam  ao seu redor. Pobres, inconseqüentes, em suas mesquinharias tecem teias mortíferas, e acabam por macular a dignidade dos mais ingênuos, simplesmente porque seus minúsculos espíritos não vislumbram outro tipo de luz no escuro túnel de suas próprias vidas. É mais um jogo isento de regras. Não há como, nem onde delinear a dignidade de um ser humano, que é um simples facho de luz e que viaja ao sabor das ondas, se modificando à mercê das crenças, dos costumes e dos valores morais de cada alma perdida neste labirinto chamado viver e conviver. O convívio com o fútil, faz fútil a existência do  indispensável.
                     Nessas profundezas nada é bom ou mau, simplesmente por prazer nem por originalidade. Tudo vai aos poucos sendo moldado. A matéria vai tomando a forma das profundezas, vai tomando a forma imposta pelas  novas leis elementares dessa natureza que agora é apenas uma nova realidade, e embora cada causa continue a ter uma ordem lógica, os caminhos já não seguem a trilha do bom senso. Então esse ser marinho/humano que perdeu um trem como um pobre náufrago de um navio sem nenhum destino vai mais uma vez tirar das entranhas uma carta marcada. Vai encarar o mundo. Eterno. Girador.  É a própria sobrevivência, juíza implacável de seus atos, e mãe dominadora de todos os seus passos. Então se submete ao julgamento de si mesmo, inquisitivo e unilateral, onde o réu é empurrado para dentro de si mesmo, para que abra os ferrolhos de suas múltiplas prisões e liberte seus fantasmas, suas bruxas e duendes. E depois seus temores, seus traumas para finalmente libertar-se da grande mágoa que carrega na alma. Depois o julgamento se faz bilateral, sendo concedidas ao réu todas as possibilidades de defesa e contradição.
                    Indaga-se: Esse homem que temos diante de nós com aspecto de espantalho seria um produto genético?Essa alma que habitou as profundezas submarinas, vivendo como água e peixe, é apenas um produto desse sórdido habitat? Não. Na verdade é apenas o personagem de uma tragédia que o modificou aos poucos, primeiro   homem e menino, depois homem e palhaço, homem e náufrago e por fim homem e fantasma. É a mais perfeita simbiose de todas essas situações e contradições, que absolutamente não escolheu, mas que com o passar do tempo foi sendo modelado e alterado contrario ao seu gosto e ao seu modo, fazendo delas agora o seu próprio abrigo.

                     O espectro emergiu das profundezas. E agora?Era prisioneiro das águas e de um velho navio naufragado, e de repente é prisioneiro de si mesmo, sem grades e sem algemas, prisioneiro de sua própria incapacidade de lutar fora das águas, prisioneiro da submissão, da revolta e do medo. E os sonhos? Ora, os sonhos são náufragos e afundaram junto com a alma cansada, que agora respira novamente na superfície e se sente incapaz de voltar ao mergulho para resgatá-los, embora saiba que eles continuam lá, à sua espera. Então há uma luta ferrenha entre a razão e o coração e o homem teme que esse novamente o traia, evidenciando suas carências e lhe subjugando a razão. Qualquer música se assemelha ao canto das sereias, que o espreitam para se saciarem de seu sangue. Novamente o paradoxo da comparação entre o genético e o meio, mas não há a simbiose e  o convívio social não consegue lapidar as relações, mas  trabalha árduo para derrotá-las.
                    Finalmente o pequeno pobre homem renasceu. Brotou outra vez dessas águas lamacentas. Poderá continuar o seu caminho? Esse espectro que brotou do lodo, como a mais perfeita flor de lótus, é o homem ou o seu fantasma? Agora então os paradoxos vivem a simbiose. O homem sabe que ainda é o homem, porém o encaram como se fosse o fantasma. Então o fantasma é o homem, e o encaram como se fosse nada. Ninguém.
                    Se embriaga diante da nova realidade. Experimenta o torpor do éter e se sente livre. Leve. Voa, como borboleta. Como plumas. Como passarinhos. Como a bruma. Como murmúrios. Cantigas de ninar. Como fadas azuis. Coloridos colibris.
                    O fantasma é branco e seu vôo é leve como o torpor da embriaguês marinha. Não segue o caminho do sol ou do sul, mas o fantasma ri. Gargalhadas estéreis  diante da caricatura do palhaço que se empenha em infindas palhaçadas frente aos que cercam o picadeiro. O fantasma ri. O palhaço ri. O amanhã chegou. E o homem ri tomando a forma de espantalho, se vestindo de trapos e   brincando com anões e duendes imaginários. O palhaço ri e viaja na derradeira anedota que arrebenta a platéia em palmas.
                    Agora vai tocar a ferida, vai zombar da vida. Há uma rocha na praia onde a cobra serpenteia lenta,   enquanto as ondas afogam o doce canto das sereias que se abrigam nos penhascos. Diante dele barcos singram lentamente rumo a mares distantes, a procura de rotas nunca  navegadas. O palhaço sonha, e agora é um pirata com perna de pau singrando em busca de um tesouro perdido na imensidão azul. Junto ao leme fixa os olhos no infinito, buscando freneticamente o caminho do acaso e da sorte. Dorme e sonha leve e tênue como um jovem coração apaixonado. Como a livre parábola da andorinha na imensidão azul.
                    A ressaca dessa última embriaguês coloca na alma do palhaço a culpa de todas as catástrofes. É o regresso ao estado febril de um corpo onde agora as moscas passeiam nas feridas, como chagas expostas ao sol e à chuva. Essas moscas deixam larvas, que se fartam da carne podre  e do sangue licoroso que se esvai da última artéria. Um leve e derradeiro sopro de vida. Agora pressente uma promessa no ar... Um prenúncio de traição. Um falso juramento.  Abre os olhos e encara o céu como se fosse um menino. Uma nuvem branca de algodão vai tomando todas as formas à mercê dos ventos. À mercê de tolos devaneios, enquanto a centopéia se equilibra num sonho. A busca da última metamorfose.
                    Mas não é mais a metamorfose o que incomoda agora, afinal o homem marinho ainda é o mesmo, apenas escondido num casulo diferente. E as pessoas o encaram como um ser mutante, bizarro. Lhe apresentam iscas e engodos de pesca. Apontam-lhe arpões pontiagudos tentando capturá-lo.
                    Quem, ou o quê pode ter importância para esse novo ser? O que vem em seu socorro são velhas crenças. São rezas e orações inúteis. Como o que se fala num funeral. São céu e inferno. Deus e diabo. São seres que não podem ajudá-lo nesse reencontro com a vida. Como são frias e tristes as luzes da cidade durante a madrugada vazia! Precisa buscar o sobrenatural, a onipotência. Ninguém se dá conta de que essa inútil lagarta tateia agora por um terreno ainda mais perigoso, onde quase todos são predadores. Ele foge desses sem se dar conta de que caminha ao encontro de outros a quem se entregará finalmente à devora. Mas esses também não se alimentam de lagartas moribundas. Volta a sentir o peso da insignificância.
                    É o estado da quase loucura. O pobre homem pode optar pela volta à infância, bela e singela, mas não gosta mais de palhaços e nem acredita em Papai Noel. Sabe todos os truques da magia circence, mas não há  mais alegria nenhuma em ludibriar ninguém. Em sua breve e nova sobrevivência, não vai mais se deixar levar pelo canto das sereias, nem se atirar aos primeiros braços sedosos que lhe prometam ensinar novamente os doces encantos do amor.
                    Então vai a centopéia se arrastando sobre o inútil mundo girador. Caminha em círculos outra vez,  ainda mais imprecisos. Parece sentir um torpor estranho, e pela primeira vez o forte cheiro da brisa marinha lhe faz sentir bem. Enche os pulmões com maior prazer e conforto, e quando se afasta da praia sente uma estranha falta de ar. Um leve sufoco.
                    Algo acontece aos poucos. Uma força estranha lhe aperta a garganta e lhe impede de respirar. Percebe que em seu dorso há nadadeiras enormes, inúteis para caminhar. Ao invés de pulmões, agora tem guelras. Se arrasta pela areia da praia como uma foca ou leão marinho.Vai em busca do mar. Falta-lhe ar... Falta-lhe água...
                    Precisa da água salgada.
                    Precisa deixar a superfície.
                    Precisa das profundezas.
                    Submerge.
                    E se surpreende ao perceber que o homem desapareceu de vez desse corpo frio.
                    Virou peixe.




Nasci em Paranapuã/SP, em 17.01.1956, de onde saí em 1975 para ingressar no quadro de funcionários da Caixa Econômica Federal. Dali trago as mais belas lembranças de minha infância e adolescência, conforme narro em meus livros “Miguelão” e “Paranapuã, o ninho do colibri”, em 1983 me formei em Direito, entretanto nunca me fiz advogado,  seguindo na carreira bancária. 
CAVALO MARINHO é uma metáfora, com quase tudo originado na realidade. Escrevi esse conto quando me deparei com uma profunda depressão, frente a diversas perdas tanto materiais como afetivas, com as quais me sentia incapaz de conviver.  O personagem mergulha, ora no mar, ora para dentro de si mesmo em busca de respostas para os seus anseios e justificativas para o seu fracasso. Nessa busca tudo se mistura numa mente muito perturbada, que leva o homem a mudanças repentinas e inexplicáveis. Às vezes é um homem, às vezes um menino, depois um navio abandonado, e continua com inúmeras metamorfoses até se exilar definitivamente no fundo do mar.
A depressão é uma doença terrível, porque aniquila o ser humano, sugando-lhe a auto estima e roubando-lhe todos os valores sociais, morais e afetivos. No meu caso, estou certo de que ela abriu as portas de uma vida saudável para a entrada de uma doença incurável, com a qual convivo desde então. 
Cavalo Marinho é uma metáfora que revela as inúmeras faces das tragédias que vivemos todos os dias, e a maneira como as tornamos infinitamente maiores que a realidade. 
                                                          Valter Caffer

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